quinta-feira, novembro 23, 2006


Caminho descalço pela boulevard do meu córtex, esfolhando livros amarelecidos pelo tempo. As imagens que deles brotam, espelham encantos de coisas que compreendo e me fascinam.
A íris, essa membrana que tantas vezes parece ganhar vida independente de nós, cria registos à velocidade de um relâmpago. Os arquivos vivem espalhados pelos longos corredores que nos conduzem aos dias de hoje, onde a recordação arrebata o tempo decorrido como se este não passasse de uma abstracção do Homem. Por vezes somos capazes de assistir à ausência do envelhecimento, por parte de quem gostamos desmesuradamente, como forma de contrariar inconscientemente a ordem natural das coisas.

domingo, novembro 19, 2006

No passado dia 10 de Novembro fui jantar a bordo do Navio Escola Sagres, que se encontrava-se atracado na Doca da Marinha em Lisboa, junto ao Terreiro do Paço. A minha presença neste jantar deveu-se ao facto de ter conhecido recentemente um jovem, cujo passado e o presente estão ligados ao mar e que me convidou a embarcar neste imponente Navio, a fim de confraternizar num ambiente algo informal para a entrega de prémios do dia da Marinha e 57º Festival Náutico do CNOCA - 2006. Cheguei ainda o singular lusco-fusco lisboeta dava os seus primeiros tons, o que possibilitou tirar algumas fotografias aquele que tenho para mim ser um dos ícones de Portugal - A Sagres. Explêndida por dentro e por fora e onde ao embarcar sentimos desde logo o nosso imaginario em busca de histórias que todo aquele ser flutuante guarda. Fiz uma lenta descoberta do seu interior. A noite chegou depressa e a brisa ribeirinha, puxava por um agasalho, pois ainda não tínhamos começado a beber, nem água... Pouco depois da chegada fomos brindados pela simpatia da guarnição com um serviço de entradas, bastante generoso. Os convidados foram chegando e naturalmente o ambiente foi ficando rapidamente composto de abraços, sorrisos, algumas anedotas e boa disposição. Reparei que aquando da chegada de um oficial da marinha, dava-se um apito e um bater de continência da tripulação e o mesmo verifiquei mais tarde à saída. Simples, cordial e elegante, próprio da conduta que sempre atribui à Marinha, bastante diferente da rigidez do Exercito e da superficialidade da Força Aérea.
O meu anfitrião fez as honras da casa e deu a conhecer alguns dos aspectos técnicos da Sagres. Neste entretanto o jantar começava agora a ser servido por todo o convés. Um até então nunca provado por mim Bacalhau à Brás. DELICIOSO!!! Um, dois, três copos de sangria e começamos a baloiçar mais do que a ondulação projecta sobre o que acenta sobre a água... seguiu-se um prato de Salmão Fumado, hummmm!!!
Estava seguramente deliciado com tudo o que me envolvia, mesmo que não o transparecesse. Daí às sobremesas foi um passo, chegaram em ombros dois enormes bolos, que foram a derradeira certeza de um mito que ganhou vida nesta noite. A cozinha da Marinha é algo que roça no divino. O café também não foi esquecido, nesta altura o meu estômago apelava a que parasse.
Por fim a entrega dos prémios, momento alto da noite, onde muitos foram entregues a juvenis, crianças dotadas de uma destreza emocional pelo contacto com os elementos da natureza. O seu sorriso ainda embelezou mais a Sagres.
A noite foi trazendo consigo os efeitos colaterais de uma sexta-feira, o cansaço, no caminho a pé até ao carro, de quando em vez voltava-me para trás como que a despedir-me da Sagres, repleto de luzes, não deixando que o breu da madrugada se apoderasse de si.

sábado, novembro 11, 2006

Fernando de Castilla - Antique, Pedro Ximenez


Numa das minhas férias em Espanha, ali para os lados de Matalascanas, proporcionou-se conhecer Jerez de la Frontera (a Meca dos Motards). Durante o reconhecimento da baixa Jerezence, deparem-me com aquilo a que os espanhóis chamam de Bodega, vulgo em português, tasca. Na verdade uma bodega é muito mais do que uma tasca. É um espaço especialmente reservado para guardar o vinho, contudo é frequente encontrar bodegas que também são acumulativamente restaurantes. Deste modo fui atraído a entrar pela simpatia de um senhor com ar de bonacheirão, que se encontrava a promover e a dar de provar o vinho da região, o vinho Jerez, que tal qual como o nosso vinho do Porto tem várias qualidades, traduzindo diferentes sabores, não esquecendo que se trata de um vinho de aperitivo. De todos o que mais gostei foi o "sherry", uma combinação de passas com frutos secos, que transmite um paladar maravilhoso. Assim comprei várias garrafas (a contar com alguns amigos), a que se destinou a consumo caseiro ficou guardada no frigorifico (este vinho deve ser servido frio) por mais de um ano, até ao dia em que ao ter em casa uns amigos resolvi abrir a gélida garrafa. Fiquei doido, doido com o sabor do vinho ao estar fresco. Ainda mais gostoso do que ao natural. Naturalmente que a garrafita finou num estante!!! Daí para frente movi uma incansável busca na net para poder comprar online e não é que encontrei!!! http://www.aporvino.com/
Garanto que em 48h úteis os hermanos entregam em casa a nossa opção de compra. Atenção que os portes são pelo mesmo valor da garrafa em referência até 3 unidades.
Motivado por este custo, um destes dias lembrei-me de entrar na casa groumer do El Corte Inglês e qual não é a minha esperada satisfação ao encontrar uma vasta oferta deste tipo de vinho. Após aconselhamento optei pelo Fernando de Castilla - Antique, da famosíssima casta de Pedro Ximenez, com o mesmo nome. São 35€ de garrafa com 50ml. http://www.fernandodecastilla.com/castellano/productos.asp?id=12
Contudo a casa groumer possibilita outros igualmente bons a valores mais comedidos.
Provem. É garantia absoluta o requinte que este mel alcoolizado proporciona na nossa boca.

Alguma vez entre o pestanejar se depararam com a visão neo-realista de que estamos cercados de tecnocratas?!
Esse flagelo que muitas vezes assume funções directas na gestão dos recursos humanos nas empresas, ao nível das
chefias no começo da pirâmide das quase sempre pesadíssimas estruturas em que estamos inseridos. A falta de sensibilidade para orquestrar uma estratégia direccionada ao objectivo colectivo bem como salientar e promover as características individuais, com vista a potencializar o sucesso da equipa é por vezes tão latente que sou levado a crer que o conceito de líder é uma abstracção no nosso tecido empresarial. E agiganta-se cada vez mais, na medida em que o reconhecimento pelas bases é não só forçadamente esquecido como ignorado. Quem nunca assistiu à desprezível conduta de quem ascendeu na sua carreira e como que por acidente, apresenta sintomas de uma amnésia pós traumática, onde tantas vezes e em detrimento dos aspectos sociais e humanos, se limita a análises técnicas carentes de conhecimento consolidado? Se pensarmos no que tudo isto retrai os índices de motivação de alguns de nós e consequentemente a produtividade solicitada/exigida, concluímos que estamos perante um monstro que nos quer comer vivos! A perseverança é a mãe de todas as glórias para todo aquele que nunca deixe de acreditar em si.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Existe palavras que recebemos como beijos, que nos deixam de cabeça para baixo, zonzos de uma alegria, de quem sente o gás que empurra a rolha de uma garrafa de champagne. O cérebro alucina devido ás reacções químicas que despertam no nosso interior. Todos os nossos músculos se contraem, as pupilas dilatam e tudo isto devido ao efeito que um simples mas elaborado beijo projecta no nosso córtex ao recebermos a nudez de uma palavra que antecede o toque dos lábios sedentos da humidade da saliva que trás consigo o que de mais intimo circula em nós. Recebo o teu calor nasal no meu pescoço ao despires-me como se tivesses arrancando pétalas de uma flor, ora doce ora bruscamente, na medida da libertação da nossa excitação. Há uma janela que se abre com a força do vento, deixando-me ainda mais arrepiada, esta estranha forma de receber o frio e o calor deixa-me louca, deixei de saber onde estou, sinto alucinações vindas do tecto em direcção a nós. As paredes desapareceram, levando consigo todos os artefactos que nos envolviam, só o quadro que está por cima da cabeceira resistiu mas ganhou vida, as ondas do mar acariciam-nos os pés e a brisa trás a maresia que nos deixa o sabor do sal por todo o corpo. Sempre desejei que me amasses numa praia no momento em que o sol inicia o seu declínio, dando lugar à noite onde por entre o olhar néon das estrelas adormeço no teu regaço, ao compasso de cada pedra que atiras ao mar, indiferente à quimera que surge no horizonte.

sábado, novembro 04, 2006


Os WOLFMOTHER são oriundos de um país de onde já nos habituamos a surpreender com o que por lá é feito, Austrália. Este álbum apresenta um rock bem batido, fazendo lembrar os longínquos Led Zeppelin, as guitarras choram de rebeldia, à mistura com algum psicadelismo revivalista. Estamos perante algo muito sério de ser ouvido.
Existe a possibilidade de ouvir todo o álbum em http://www.wolfmother.com/
E no lugar de adquirem na Fnac, comprem mais em conta em http://www.amazon.co.uk/Wolfmother/dp/B000EJ9MTW/sr=8-1/qid=1162675203/ref=pd_ka_1/202-7212635-7921420?ie=UTF8&s=music