domingo, janeiro 30, 2011


As nuvens assumem uma configuração montanhosa, na base do horizonte e induzem-me que estou num lugar diferente do destino anunciado pela melódica voz off na carruagem que me transporta. Esta falsa sensação é desviada com a entrada num túnel apenas iluminado pela luz interior das cabines que se cruzam e mais uma vez o cérebro é iludido por uma nova falsa sensação, provocada pelas massas de gente a circular em sentido contrário, como se naquele instante o mundo girasse em duas metades. Ao desembarcar no cais de todos os dias, sou prendado com a força da luz que nasce do rio e se propaga pela artéria principal deste ponto da cidade. Sinto que tenho a vida nas mãos e que faço dela o que a minha perseverança sonha conquistar. As nossas vidas são decididas por momentos que não antecipamos e esse facto faz-me acreditar, que para que o Mal triunfe é necessário que os homens bons nada façam, perante situações que comprometem o equilíbrio da espécie.