sexta-feira, dezembro 31, 2010

Hoje às 23.59, hora de Lisboa, iniciar-se-á a cerimónia fúnebre com cremação da 1ª década do séc. XXI. Foi uma década de sucessivas idas com os joelhos ao chão, num crescendo de esmurradelas em cima de feridas ainda abertas. De pouco valeu as recomendações deixadas pelas décadas anteriores, nas quais a dificuldade em aprender a gerir a par de corrigir constantes derrapagens, convida ao ingresso no ensino especial, de todos quantos monitorizaram a seu belo prazer, os destino de uma nação que assiste no reino da abstenção à delapidação das suas contribuições.
Da mesma forma que outras civilizações em eras distantes de nós colapsaram, a nossa indicia fortes probabilidades de não contrariar a ordem natural das coisas. Ainda assim, vivo optimista em relação ao futuro, para o qual eu e outros como eu, vivem na obstinação de formatar os nossos filhos em valores que assentam no trabalho que visa defender a nossa dignidade e criação de valor para as gerações futuras e não o acesso fácil ao consumo imediato, como forma de criar uma aura de um falso poder de coisa nenhuma.
Numa altura em que se equaciona enviar a 1ª tripulação a Marte sem retorno, é inquestionável que alguns de nós olham já para a Terra como algo que se aproxima de um longo e inevitável declínio. Pese embora esse facto, o Homem nas próximas décadas terá que olhar menos para dentro de si próprio e estar mais atento aos sinais vindos do exterior, se não quiser displicentemente abdicar do registo da passagem da sua existência pelo Cosmos.