segunda-feira, maio 07, 2007


Naquele fim de tarde tomei conhecimento da tua existência como quem ouve uma voz trazida pelo vento e por mais que olhe em redor não materializa essa presença. Não resisti e entrei, observei-te com a minúcia de quem deixa cair o olhar para dentro de um microscópio em busca de ser surpreendido, essa repentina visão que nos apanha numa curva em excesso de velocidade, cujo travão e o acelerador fará a diferença à saída! Acabei por levar-te comigo a troco de uma falsa liberdade, mas na certeza porém de que irias receber amor. Cresces-te mais do que imaginei ser possível e contigo esse teu olhar que causa a qualquer um a estranha vontade de pegar-te e sentir o quanto és meigo. Não falas, mas os teus olhos tem o dom de fazer entender o que reina nesse teu emaranhado de cenouras! Diante do teu caminhar saltitante, procuro descobrir a motivação que escondes ao esgueiras-te por entre os meus dedos, quando procuro que sintas o sabor da liberdade condicional, por entre as passadeiras que percorrem esta casa que também é tua!?! A noite chega a galope de uma brisa quente que as quimeras soltam no seu bater de asas, por entre os nossos telhados. Fazia algum tempo que não visitavam o meu sono. Levanto-me em busca de algo que acalme a minha excitação e me devolva a capacidade de dormir. Entro no teu espaço e estranho que também tu estejas acordado, recordo a estranha certeza de nunca ter assistido ao teu nocturno sossego?!! E ao elevar-te, sinto o efeito fulminante da luz nos meus olhos embriagados pelo cansaço. Num esgar, deixo-te deslizar pelo chão e deparo-me com uma visão alucinante diante de mim... pestanejo a medo na ambição de acordar defacto porque não pode existir razão no que estou a assistir. Tudo o que está diante de mim faz-me duvidar!!! A atmosfera está envolvida no espanto que é a concretização do nascer de um anjo, que guarde a consciência colectiva de que o tempo de decorre entre o fugirmos e voltarmos ao ponto de partida, não é mais do que sermos capazes de fundir num momento a capacidade de nos encontrar e combatermos com toda a ciência a maldade de quem receia que lhe façamos sombra.