sábado, abril 09, 2011


De mãos apoiadas no tejadilho do carro, deixo que os meus olhos fotografem indiscriminadamente em meu redor até a memória sinalizar não existir mais espaço de armazenamento e inalo este cheiro a Portugal que quero levar comigo numa recordação… Neste país que assistiu ao meu nascimento, muitos foram os que saquearam o valor construído pelos meus pais e pelos pais destes. Certo de que existem milhares como Eu, constatamos que Portugal padece de uma grave doença cultural da qual as metástases já se encontram por toda a sociedade civil, tendo sido os órgãos de soberania, os originadores deste monstro que foi criado e alimentado no laxismo de várias gerações, no decorrer das quais a corrupção foi assumindo marcadamente o papel de uma ferramenta de trabalho. Não quero envelhecer num país, que olha para os idosos como hardware obsoleto! Não quero acordar num país onde quem não rouba é parvo! Não quero exercer o meu direito de voto num país, cujas listas de candidatos são permanentemente preenchidas da esquerda à direita por pessoas cuja credibilidade é medíocre e a inteligência questionável! Não quero trabalhar num país, onde o imposto é um assalto legal! Não quero ser cidadão de um país, onde a austeridade é apenas exigida a quem ela é imposta! Não quero assistir mais a um país viciado a brincar ao faz de conta! E neste país, onde os pesadelos tomaram conta dos sonhos, hei-de encontrar a porta para sair, porque este país não me merece e Eu mereço mais de um país que reconheça a minha obstinação diária em manter-me competitivo, sem que isso seja alguma vez representativo de prejuízo para alguém.