quinta-feira, outubro 14, 2010



Percorri terra e mar em busca de respostas para a sede de poder a que tenho assistido nos últimos quinze anos, nos variados contextos em que a minha actividade profissional tem proporcionado. Conclui que alguns de nós fomos gerados com uma profunda incapacidade em lidar com as fragilidades da nossa personalidade, que o tempo vai metamorfoseando em recalcamentos, que levam à criação de personagens híbridos e austeros, desprovidos de sensibilidade e bom senso. Em casos mais agudos, assiste-se a uma classe de autismo no qual o sintoma mais frequente é a sobreposição verbal. Estas pessoas são como buracos negros, que varrem o universo em busca de matéria, onde a sua agilidade mental vive focada na grandeza e na tragédia da era faraónica. Conclui também que trata-se de uma ilusão tentarmos comunicar com estes mundos, uma vez que a prepotência é a sua fonte de energia. Se assumirmos um papel de narrador não participante, nestes enredos de Rei sem Reino, contribuímos para que a História não registe estas passagens e as suas almas ficaram para sempre nas ruas da amnésia do tempo.