domingo, maio 27, 2012

Entrei num deserto numa noite de lua nova, para assistir a uma parada de estrelas e levei comigo pouco mais do que o azul dos teus olhos, para que o deserto não esmagasse com a sua grandeza a tua imensidão. E assim fui entrando deserto a dentro, com a areia a cobrir-me os pés como um véu que resguarda um rosto, que imaginamos sempre doce, como o cheiro da tua presença quando me abraças e dizes que sou o melhor do mundo, o mundo que ofereci-te, que um dia não pretendendo que agradeças por isso, fiques radiante que o tenha feito. Vai chegar o dia em que vais deparar-te com uma duna íngreme e outra e mais outra. O nosso pensamento tem que se projectar como se nesse mesmo instante, estivesse-mos no topo da duna a contemplar um horizonte que não acaba e que nos faz sentir desafiados a encontrar a porta de saída do deserto, mesmo que tenhamos entrado nele numa noite serena como o teu sono.