segunda-feira, novembro 06, 2006

Existe palavras que recebemos como beijos, que nos deixam de cabeça para baixo, zonzos de uma alegria, de quem sente o gás que empurra a rolha de uma garrafa de champagne. O cérebro alucina devido ás reacções químicas que despertam no nosso interior. Todos os nossos músculos se contraem, as pupilas dilatam e tudo isto devido ao efeito que um simples mas elaborado beijo projecta no nosso córtex ao recebermos a nudez de uma palavra que antecede o toque dos lábios sedentos da humidade da saliva que trás consigo o que de mais intimo circula em nós. Recebo o teu calor nasal no meu pescoço ao despires-me como se tivesses arrancando pétalas de uma flor, ora doce ora bruscamente, na medida da libertação da nossa excitação. Há uma janela que se abre com a força do vento, deixando-me ainda mais arrepiada, esta estranha forma de receber o frio e o calor deixa-me louca, deixei de saber onde estou, sinto alucinações vindas do tecto em direcção a nós. As paredes desapareceram, levando consigo todos os artefactos que nos envolviam, só o quadro que está por cima da cabeceira resistiu mas ganhou vida, as ondas do mar acariciam-nos os pés e a brisa trás a maresia que nos deixa o sabor do sal por todo o corpo. Sempre desejei que me amasses numa praia no momento em que o sol inicia o seu declínio, dando lugar à noite onde por entre o olhar néon das estrelas adormeço no teu regaço, ao compasso de cada pedra que atiras ao mar, indiferente à quimera que surge no horizonte.