
O tempo urge em quase tudo o que nos faz sentir vivos e até que ponto não valerá mais, cinco minutos a correr um risco
que encerra em si um sonho, do que uma vida a assistir de longe aos sonhos que não arriscamos querer tocar?
COISAS QUE ME FASCINAM
A existência de animais domésticos nos nossos lares é algo comum e aceite pela generalidade das pessoas.
Enquanto vivi com os meus pais, tal nunca foi possível face à disparidade dos nossos horários que não ajudavam aos cuidados e dedicação que qualquer animal necessita. Ainda foi alguma baba e ranho que minha mãe (linda) teve de suportar, sempre que insistia que queria um bichinho e ela tinha a paciência de tentar sempre que eu compreende-se que não tínhamos condições para levar animais para casa. Os anos passaram e este desejo acabou por ficar guardado, algures numa prateleira esquecida e empoeirada. Um destes dias, quando passeava por um (mais um) centro comercial, deparei-me com uma casa de animais... estava repleta de BICHOS LINDOS. Dei comigo a subir à prateleira empoeirada em busca do esquecido desejo!!!. Entrei e fui de imediato absorvido pelos aquários, repletos de peixes exóticos, lindos, diferentes dos que nos habituamos a ver no prato, já sem alma e configuração de peixe. Para além dos clássicos avisos de "POR FAVOR NÃO MEXER", tinha em cada aquário o nome da espécie dos peixes. E foram os Betta, que me deixaram colado ao vidro com a boca a abrir e a fechar à medida do seu compasso. De repente como que quebrando o hipnotismo que sofri do Betta, solto um "POR FAVOR" e peço à Sra. (amável) que coloque aquele Betta num saco com água, pois era AQUELE que eu queria levar comigo. Assim fui todo contente para casa, com um sorriso palerma no rosto, típico de quem vê realizado um desejo. Já em casa, interroguei-me sobre o que iria servir para aquário do felizardo peixe, que acabava de entrar no meu lar. A Sra. dissera-me que este tipo de peixe não necessita de muito espaço, bem pelo contrário... optei por usar um castiçal, sei que parece esquisito para servir de aquário, mas caso o vissem, concordariam que foi excelente a ideia. E assim foi, coloquei o meu Betta no seu novo aquário em cima da minha mesinha de cabeceira, mais para ele ter companhia durante a noite. Sempre ouvi dizer que os peixes sofrem de insónias!!! Os dias foram correndo e a minha casa ficou mais colorida, com este amigo. Todos os dias de manhã colocava comida para ele, hábitos que rapidamente criamos, sinónimo de afecto. Um dia chego a casa (tinha decorrido 2 semanas) e quando ponho os olhos no aquário, vejo que este estava vazio (??!). Tive um aperto no coração; quem teria vindo a minha casa e só tinha levado o peixe? Aquilo estava a ficar esquisito... de repente quando olho para o chão vejo o Betta deitado. Não entendi, não queria acreditar. Como é que o peixe teria ido ali parar??! Peguei nele e nem tive coragem de lhe fazer um funeral digno (confesso que não sabia muito bem como o fazer). Nos dias seguintes, interroguei-me seriamente a respeito de como teria o Betta morrido. Conclui que foi um acto voluntário: O peixe suicidou-se! Saberia a minha mãe desta possibilidade e quis poupar-me a ela?.