
Não fosse o facto de acreditar que o período de tempo que decorre desde o nascimento até à morte, não passa de uma corrida a querer tocar no que amamos e nos fascina, onde a cessação da vida não passa de uma séria predisposição para a horizontalidade a partir da qual somos acolhidos pelo universo, este seria um momento escuro e silencioso.
Creio ser este o indubitável instante onde devo enobrecer os que com quem partilhei genuínos instante de prazer. E porque não, também com os que me causaram indignação e traição?
Quem eu amei, sentiu a força da minha vibração, no prolongamento da sua. Os restantes, a quem o tempo dedicado e a amizade descoraram, acabarão por serem consumidos no seu desnorte, de tão desinteressantes se revelarem, depois de não conseguirem sustentar mais o peso da sua falsa personalidade, onde a sua prioridade assenta em desde que não seja muito, é sempre pouco o que possam obter na curva do sucesso dos outros. Destes últimos a sua existência passa hoje da indiferença ao desaparecimento, no memorial da minha memória.
Comigo levo uma curta existência, mas longa de momentos de deslumbramento e paixão, como o calor de te amar, tantas vezes senti a pele a pingar. E é a ti que peço que pegues nas minhas ainda quentes cinzas e as arremesses de encontro ao vento, para este me levar até onde nunca consegui chegar.