quinta-feira, maio 12, 2011



Subo a uma árvore com reentrâncias como a terra seca, morta como eu um dia estarei num tempo que estimo a anos de luz da actualidade, numa era que imagino poder ainda sentir com esta garra de quem está prestes a concluir a primeira trintena no planeta azul, a satisfação de saber que reina dentro de mim, a afirmação de que se a vida é um momento no universo, o amor que sinto por ti é uma eternidade no cosmos. E mesmo nos dias em que afago a sede com as ultimas lágrimas que desejo que o sol veja correr pelo meu rosto, no rescaldo da animosidade de uma experiencia que não durou mais do que o tempo estritamente necessário à travessia de uma passadeira para peões, que nos conduz em segurança ao lado oculto do nosso dia, não sinto a minha alma menor, bem pelo contrário, um Homem que se revolta é um Homem livre e só sendo livre se consegue amar com esta determinação, o que construímos em nosso redor. E é sobre os robustos ramos do espírito da árvore que me escutou, que procuro descer, enquanto ele continua a narrar factos vividos que lhe proporcionaram a glória da longevidade, para quem a abstracção do tempo deixou há muito de ser uma realidade, para sobre o brilho alaranjado do horizonte assistir à cremação dos meus demónios.