sábado, setembro 08, 2018

Não é possível disfarçar ou fingir as sensações que um bom vinho provoca. O discurso fica livre e quente, como um amor deve ser vivido, as pupilas dilatadas, como um coração em estado de felicidade e o abraço que ele nos dá, faz-nos vibrar como dois corpos que encostam entre si o peito, no sentir do respirar a amplitude do ventrículo, que deixa perceber a faísca que brilha no fundo do coração. E a...té a desconfiança naquilo que não é possível explicar e a perda do poder de entender, se desvanece, como a imagem de quem deixamos de ver e ouvir e mesmo que se proceda à exumação das mais frutadas recordações, não nos assiste a capacidade de sentir o cheiro do que foi, com a mesma intensidade. Assim se inicia o fim de uma história, que dela apenas resta o que de bom deteve, porque todo o resto naufragou sem deixar sinal do que alguma vez foi. Um dia, noutro lugar, com outra razão de ser, o universo baralha e dá como um corpié que dita a sorte do personagem que queremos viver.
 
8 Agosto 2018