segunda-feira, maio 14, 2018

É demencial, assistir ao corpo a vaguear por entre as divisórias desertas do lar, em busca de estímulos, como quem procura a luz no seio da cegueira, na pertinácia de satisfazer o saudável e feroz vicio que nos ilumina a mente, ao nos conectarmos á montanha, num tranquilo trote a ver a que altura voa o pensamento, ou a ouvir o zumbido dos nossos átomos na linha de partida e o crescente jubilo ao cortar uma meta, como se fosse um jogo feito para nunca acabar, onde ocorre uma aurora boreal, neste existir como numa paisagem que se estende pelo infinito. É então que somos seduzidos a aceitar o desafio de compreender, que o tempo decorre em duas medidas. A demora do presente e o atraso do futuro, enquanto único veiculo do devir, para oferecer de novo o festim de estarmos envolvidos pelo que nos deixa embriagados de fortuna ao ver o corpo a responder poderosamente à morfologia que o cerca.
 
14 Maio 2018