terça-feira, janeiro 09, 2018

Impressões vividas no decorrer dos 42k do EPIC Trail Azores.
 
Faz muito tempo que procuro saber se as gaivotas se sentem mais felizes a deambular sobre o mar, ou pelo contrário quando planam sobre terra. Esta pergunta voltou a acompanhar-me enquanto percorria a Ilha Verde... A Avó Carlota levava-me pela mão enquanto ajeitava o meu bibe azul, com o Jó a ladrar numa amorosa fúria, para vir lamber-me as faces, com seus olhos a arder de meiguice, na oposição do cigarro já acabado nos lábios do Avô Francisco,... que entoava gargalhadas a chamar-me "mariola, vais à escola"!
O mundo era assim compreendido no espaço de tempo que levava a percorrer estes cenários de criança, tantas vezes deslumbrado na carteira da escola, atento á Professora Zília, que narrava histórias decorridas em bosques encantados, os bosques que atravessei no EPIC, alguns tão densos, que fazia noite no interior deles, com o vento a acariciar as árvores em melodias imperceptíveis, mas ainda assim envolventes como o nevoeiro que escondia as belezas da Ilha, ao estreante naquela latitude.
A dor que era esperada aparecer a qualquer instante (joelho), não surgiu e assim na soma das horas em que poupei na potencia, foi surgindo uma crescente confiança que transportou-me à chegada, onde esperava por mim um saltitante abraço do Nuno Janela, no ambiente cósmico que as furnas oferece. Naquele momento, ali, enquanto ele fazia a festa de reencontrar-me depois do UTAT 2017, dei com a resposta à indagação sobre os estados de espírito das gaivotas. Não importa onde estamos, desde que ao nosso lado ou mais longe, o sentimento se revele com o calor e a força de um vulcão, fazendo desse momento um alinhamento de estados de felicidade.
 
4 Dezembro 2017