quarta-feira, agosto 23, 2017

Retalhos de um grito do centro de mim, ao assistir à morte da ambiguidade do presente!
O Piódão parece ficar tão longe para quem procura chegar de carro, como para quem se propõem chegar a correr num raio de 50k e nesta segunda escolha a viagem é um jogo de desvendamento e esquecimento, no equilíbrio contemplativo dos olhos da alma, onde a única forma de temporalidade é não querer chegar antes do tempo que a Montanha decidiu ser o necessário para que esta nos aceite como fazendo parte dela. O dia nasce com um jorro de perseverança que nos atira para profusões de verde e águas cristalinas que se despenham de cascatas, que delas ao beber sentimos estados de jubilidade atómica, com humildes olhares para o topo de cada cume, onde ao conquista-los interrogo-me de como as nuvens conseguem fazer sombra na incomensurável Montanha, para nas descidas no vale soltar ao vento os ruídos do pensamento e mergulhar na concentração do vazio, como forma de uma fusão a fio do nada que são as coisas que compreendemos e não nos fascinam. Este teatro em altitude e as horas que percorremos nele, convida a despejar como de uma gaveta se tratasse, tudo o que não tem sentido de existir no tempero dos dias.
Mas há o antes disto tudo, que é a aceitação do risco da mudança!
 
Abril 2017