domingo, dezembro 04, 2011


Pouco passa das 5h30m. De modo a poder desfazer a barba que floresceu numa rua comprida nesta noite densa,  procuro acordar o espelho ainda abraçado ás torneiras da bacia que em murmúrios de morte, apela ao esquentador que aqueça a água que lhe percorre as entranhas. Lá fora num ramo de uma árvore sem nome, um pássaro desmemorizado, sorri em busca do sol, numa tarde que já desejava que fosse Primavera. Cá dentro, procuro compreender o tacto que ao percorrer o meu rosto inspecciona a possível presença de um pelo dissidente! Num acto puramente formatado, faço girar sobre mim, o cortinado do poliban e deixo-me ensopar… antes de dizer adeus, assisto ás tuas pestanas a descerem e a subirem devagar, próprio de quem ainda não despertou. É sublime a saudade que se gera dentro de nós, quando se ama. Tão distante do poder que sentimos quando se controla!?! Levo comigo o teu cheiro preso entre os dedos das mãos, no gesto que deixei para trás quando acariciei os teus cabelos, num estado de fúria de mar!