sábado, julho 12, 2008

Numa altura em que a utilização do descartável veio para ficar e a mutabilidade dos nossos hábitos põem em causa, os nossos costumes que se propagam no tempo e no espaço, continua a ser uma surpresa quase diária quando abro a caixa do correio e verifico que um envelope espera por mim. Pouco importa se são cobranças... o gesto de enviar uma carta, acabou por se perder na excepção do Natal. O correio electrónico tomou conta dos nossos dias, nos envios de tudo aquilo que muitas vezes atesta o magro espaço que dispomos para este fim e simplesmente desvirltualiza o conceito de escrever a alguém. A preguiça, a falta de tempo, o não saber o que escrever ou até o não ter a quem escrever, acabam por justificar as quebras de circulação de cartas a nível planetário. Creio que o aumento da publicidade que é despejada nas nossas caixas de correio é que ainda vai fazendo aquele centímetro quadrado não morrer de tédio. Há uns anos ainda assistíamos ao nosso vizinho vir entregar uma carta que por engano tinha sido colocada na sua caixa de correio, motivo este que muitas vezes potenciava algum diálogo entre vizinhos. À medida que são criadas ferramentas tecnológicas com vista a nos aproximar mais uns dos outros, vivo a experiência do avesso, onde nem o incremento dos 3 dígitos do arruamento do código postal veio traduzir num aumento do desejo e da necessidade de fazer de nós seres capazes de escrever o que quer que seja que proporcione a quem recebe uma carta, um efeito surpresa que poderá ser a única razão para o fazer sorrir nesse dia. Porém esquecemos que um dia por fim, vamos viver para uma morada que em local algum, quem quer que seja, vai encontrar o código postal para que nos possam escrever!