sábado, setembro 01, 2007

A porta verde estava quase sempre entreaberta e ao entrar o meu olhar projectava-se ao longo de 2 divisões onde ao fundo tu estavas sentada num pequeno sofá. Aí assistias ao passar dos dias devido aos danos colaterais da longevidade. O teu rosto irradiava sem mutações ternura e amor e ódio foi palavra que nunca ouvi prenunciares! Na certeza porém que no coração de um Homem vivem dois lobos, o Amor e o Ódio, vence aquele que for mais alimentado. O tempo decorre com a suavidade de quem faz um carinho como muitos que recebi de ti e interrogo-me que capacidade é esta que detemos, que me permite ainda hoje materializar no pensamento o teu traço de figura??! Só consigo entender esta manifestação pela força do Amor com que sempre coloriste a minha infância e boa parte da adolescência. Permanece comigo até que os meus sentidos turvem e passa-me alguma da serenidade que tu exibias como um dos teus mais fulgurosos predicados. Crescentes tensões do mundo moderno, começam a fazer nascer dentro de mim um lobo que não tendo tu ocultado de mim a sua existencia, nunca o alimentaste o que levou ao seu enfraquecimento e consequente incapacidade de actuar.