sábado, setembro 30, 2006

Há um exercício que muito de nós fazemos, que passa por ver os números dos jogos da Santa Casa. Não sei até que ponto a extracção em directo proporciona um pico na audiência do canal, certo é que se pensarmos nas pessoas que ouvimos perguntar pelos números mágicos bem como a ler nos demais jornais e revistas que os publicam, concluímos rapidamente que são alguns milhares, se elevarmos à escala da Europa são uns largos milhões. No imediato somos levados a pensar que a maior dependência que o ser humano tem é defacto o desejo de ter dinheiro.
O Homem sempre foi desde a sua génese, um ser capaz de criar riqueza. Se fizermos um recuo no tempo, verificamos que desde sempre existiu a troca de bens e mercadorias, na medida das necessidades de cada um, ainda antes de surgir os ciclos migratórios entre continentes, o que gerou o grande boom comercial. A partir do momento em que foi criado o dinheiro, tal qual como o conhecemos hoje, em meados do sec. XII, a humanidade deixou de ser a mesma em toda a sua amplitude. No presente o dinheiro mais do que permitir adquirir o que desejamos é acima de tudo sinónimo de poder e poder como nós sabemos acaba quase sempre por criar uma falsa ideia de que somos deuses, pela forma como começamos a lidar e a olhar para o outros.
Eu não sou uma excepção à regra. Também recorro, quase sempre ao teletexto todas as semanas, para saber se fui o "escolhido". Quantos de nós já não pensou mais que uma vez: - E se me sai-se o Euromilhões?!
O que vocês fariam não sei... se bem que já nos habituamos aos estudos de sondagem sobre estas questões. Antes de tudo o adeus ao patrão. Depois o carro, a casa com piscina, o barco...e mais e mais, tudo o que o malfadado dinheiro permite comprar. Tudo isto é algo de característico no genoma humano. Podemos tentar contrariar a tendência no mundo das hipóteses e assim, partilho o que faria eu caso me saísse o DITO.
Após uma redobrada confirmação dos números, sim porque em função do nosso tão forte desejo, os sentidos podem nos enganar!
Apresento demissão junto da entidade para quem trabalho, uma vez que ao exemplo desta semana passaria a ser detentor de 68,000.000€. O que depositados num banco, numa aplicação conservadora (isente de risco), teria sem dificuldade 4% liquido ao ano, o que traduz em 2,720.000€ por ano. Dá para gastar 7,452€ por dia!!! Acham que seria o suficiente???
Depois desde calculos, pego no telefone e ligo para a minha mãe, dizendo que vou ao encontro dela simplesmente para a ver. Não arrisco a dar a noticia por telefone, não sei como ela poderia reagir!!! Se bem que não é pessoa para o dinheiro lhe subir à cabeça. A minha intenção de a ver é sobretudo na verdade para me despedir dela e deixar-lhe para além de um talão de depósito bancário bem chorudo, a apólice de um seguro de vida em meu nome, porque a partir desse dia considero passar a estar mais exposto a riscos, nomeadamente pelo número de voos que passará a ser uma constante na minha vida. Após acordar tudo com ela e dar-lhe a conhecer o potencial do MSN para nos vermos e falarmos. Volto a casa. Pego no passaporte, no BI, nos cartões de crédito, no telemóvel, no portátil (com placa 3G da Vodafone), mais uma ou outra coisa... mas essencialmente com a roupa do corpo e vou de táxi para o aeroporto de Lisboa. Voar para onde ? pouco importa, tenho todo o tempo do mundo. Quero passar o resto da minha vida a conhecer este planeta, a morar uma temporada em cada continente, ocupando-me de beneficência social. A conhecer novas culturas, partilhar dos seus hábitos, a sua gastronomia, o seu modo de pensar, viver os seus medos, as suas fantasias. A minha casa passará a ser um qualquer hotel com casa de banho privativa. A ideia é não comprar rigorosamente nada. Ao comprarmos uma nova casa, um novo carro...só estamos a criar à priori preocupações e a gerar manifestações de riqueza. O que o Homem deve efectivamente manifestar é o que vai na sua consciência, é isso que o torna imortal.