quinta-feira, julho 20, 2006

Venha eu a ter anos de vida, como o numero de pessoas que já se sentaram nesta cadeira que transporta-me de bem com a vida. Colado ao vidro desta janela que assiste ao decorrer dos dias do Homem, assisto eu também ao passar da paisagem com um olhar solto e desprendido, de quem não retém as formas e cores, tal qual atraídos pela curiosidade, como quando esfolheamos um livro em busca de algo que não sabemos existir. Sinto as coisas darem-se em meu redor como se não estivesse a participar delas, fiz zapping à minha própria história, mas continuei ligado à realidade dos dias onde o nosso espírito é confrontado com a necessidade de habitar no melhor dos nossos mundos.
Alguém sem que percebesse, abriu uma janela, desta sufocante carruagem e por entre correntes de ar, as minhas asas soltaram-se da habitual camuflagem e saí por entre o túnel de vento deste comboio intergalático. Entrei nesta viajem em busca da plenitude nos sentidos, da comunhão na aprendizagem, do sabor da cumplicidade. Minhas asas são tudo o que tenho como forma de dar um ar fantástico à mundana criatura que sou. As asas são o nosso desejo, a nossa imaginação, a nossa vontade de ir mais além como modo de projectar quem somos na mais infindável leveza do nosso ser. Onde a pureza começa e acaba fazendo de nós senhores de uma mensagem universal pela bondade de dar por dar prazer a quem decide estar connosco. E se por momentos fosse possível conquistar a imortalidade á cadeira que recebeu o efémero momento que estive sentado sobre ela, iria querer fechar os olhos e perder a noção das fronteiras que este planeta nos oferece, face á nossa condição humana. Lá em cima há planícies sem fim, há estrelas que parecem correr, há o Sol e a vida a nascer, nós aqui sem parar numa Terra a girar, há um céu de cetim, há cometas, há planetas sem fim, lá em cima acredito ser o futuro, com alegria, a rir, unidos num abraço. Foi este o sonho incutido pela minha infância.